Educação Parental – Educando Educadores
Por Selma Costa
A Terapia Comportamental começou a apresentar o TP – Treino de Pais – na década de 60, com a finalidade de ensinar aos pais cujos filhos apresentavam comportamentos-problema sobre técnicas de como modificá-los para comportamentos socialmente mais adequados. Partia-se do princípio que o terapeuta treinava a criança apenas 1 hora por semana e o ambiente da terapia era diferente do ambiente onde a criança tinha aprendido a se comportar de forma inadequada, por isso, foi proposto inicialmente o treino de pais, de forma que atuassem como terapeutas, no ambiente onde esses comportamentos se instalaram, além da intervenção poder ocorrer pelo período mais amplo possível. Há cada década o treino de pais foi se aperfeiçoando, até possibilitar na década de 80, o desenvolvimento da Terapia Comportamental Familiar, envolvendo não só o ensino sobre o comportamento e a sua interação com o ambiente, como também favoreceu a autopercepção e autorregulação das emoções por meio do melhor manejo do estresse, de situações de conflito e do desenvolvimento de habilidades sociais.
Os comportamentos-problema mais comuns naquela época eram a desobediência, birra, comportamentos agressivos, comportamentos ligados ao furto ou roubo, e também, o desenvolvimento de habilidades de cuidado quando as crianças apresentavam alguma deficiência física ou mental ou mesmo quando os pais apresentavam atitudes negligentes que poderiam colocar crianças e adolescentes em risco. Atualmente, a proposta desta orientação parental pode se estender para os cuidadores, os responsáveis pela educação das crianças em todos os aspectos que promovam a proteção, a preservação da vida, favoreçam o cuidado, o ensino e o afeto, desde habilidades ligadas à alimentação, manejo dos cuidados à crianças e adolescentes com transtornos mentais, desde TDAH, TEA, até controle dos impulsos e à utilização das redes sociais, comportamentos agressivos e antissociais e mesmo na idade adulta, orientação ao familiares de pessoas com dependência química e outras dependências.
Mas antes mesmo da Terapia Comportamental e Cognitiva apresentar essa preocupação com a orientação e ensino de pais, a Psicologia Humanista e Social, já na década de 50, nos EUA demonstrava interesse por este assunto.
A Psicologia Positiva, que surgiu nos EUA, com Martin Seligman (há controvérsia, por que na Europa, o psiquiatra iraniano Nosrat Pessekian também é apontado como o criador da Psicologia Positiva, muito citado na Logoterapia, tanto por Viktor Frankl quanto por Elisabeth Lukas), especialmente no livro Florescer, traz a experiência de educar alunos de Psicologia, para em seguida avançar com um projeto de ensinar aos profissionais da saúde mental, em geral, sobre as pesquisas e os conhecimentos inovadores sobre o bem-estar que transmitia na faculdade, dando aulas com duração de 2 horas por telefone, já que naquela época não havia o acesso à internet. E ele dá como exemplo, o “Exercício das 3 Bênçãos: O que correu bem hoje?”
Relato de caso do Seligman (referente ao exercício do parágrafo acima).
A Logoterapia ensina sobre a importância da consciência sobre a liberdade e a responsabilidade, sobre a descoberta do sentido orientada por valores como o bem comum, a justiça, a verdade, o trabalho, a beleza, o cuidado, a paz, a arte e o amor, sobre o valor de atitude diante da dor, da culpa e da morte, especialmente quanto a maneira com a qual se irá enfrentar o sofrimento, superando-se a si mesmo e tornando-se uma pessoa melhor a cada dia, a cada experiência. Especialmente em casos de vítimas de violência, eu não posso pensar que isso não é um problema meu só porque ocorre em âmbito privado, na família de alguém, a violência contra qualquer ser humano é um problema de todo mundo. Qualquer mulher, qualquer criança vítima de violência é um problema nosso, sim! Dedicar a elas as orientações, o ensino sobre seus direitos humanos que foram violados, se torna o dever para aqueles que aprenderam o caminho das habilidades de cuidar, proteger, ensinar e amar.
Sobre este tema, cito inclusive, que no último programa IChurch, sobre Orientação Parental – rompendo com o fenômeno da violência, faltou explicar melhor sobre o que é condição de vulnerabilidade e sobre as formas para se pedir ajuda diante de qualquer situação de negligência, violência, de violação de direitos, de risco à vida. Em situações de risco, denuncie aos órgãos de proteção:
- Conselhos Tutelares (quando há crianças e adolescentes envolvidos);
- Disque Denúncia: ligue 181;
- Delegacias de Polícia: ligue 190, dentre elas:
- DDP – Delegacia de Defesa da Mulher (em Osasco, está localizada à Rua Itabuna, 93, Centro – aberta de 2ª à 6ª-feira, das 8h às 18h, 3682-4485; mas em SP outras DDM ficam abertas por 24 h
- Ministério Público ou procure diretamente o Poder Judiciário, se necessário.
- As polícias paulistas Civil e Militar desenvolvem programas específicos em parceria com a comunidade, como por exemplo, o programa “Comvida”, da Polícia Civil, que acolhe mulheres vítima de violência ameaçadas por seus parceiros e o programa “Bem-Me-Quer” – atendimento diferenciado à vítimas de violência sexual, com vários serviços integrados, conforme o site: ssp.sp.gov.br/fale/institucional/
Selma Costa é psicóloga há 26 anos, especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva / Logoterapia e Análise Existencial.
É uma das entrevistadas mais assíduas no programa ICHurch, da Rádio Frater, trazendo temas como: Educação parental, Fortalecimento de Vínculos, Cultura de Vida, Solução Criativa, Esperança e Superação, Vocação Profissional e Sentido da Vida, Puberdade e Adolescência, dentre outros. Todos os programas estão disponíveis no canal do youtube da Comunidade Frater Kerigma, na Playlist “Programa iChurch”.
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